Coluna do Portuga - "Calendário apertado?"

Por André Schmidt

É impressionante como o brasileiro tem o péssimo hábito de desvalorizar o próprio país e tudo o que se refere a ele. Nada mais chato - para não usar outro termo - do que uma pessoa que adora fazer comparações pejorativas entre Brasil e algum país estrangeiro. Conseguem fazer isto até com o nosso principal e melhor produto de exportação: o futebol.
Esta história de calendário apertado já passou da conta. Este final de semana não teremos jogo do Brasileiro porque teremos Copa América. E daí? Tudo isto para a Globo não perder alguma transmissão ou não precisar alterar a sua programação habitual. E depois reclamam do excesso de partidas... Os jogadores e jornalistas que defendem a redução do número de confrontos por achar que jogar bola duas vezes por semana em troca de milhares de reais é um absurdo, deveriam fazer uma enquete com o verdadeiro trabalhador que acorda às 6 horas da manhã, pega dois ônibus e trabalha até às 20 horas se ele concorda com isso. E tudo isto para ganhar um salário de três dígitos. Isto sim é cansativo e desgastante.
É nessas horas que sempre aparece um com o argumento de que são atletas de alto rendimento e que seus corpos trabalham sempre no limite. me desculpe mas isto tudo é história. Muitos treinamentos exigem muito mais do físico do que 90 minutos de futebol. O que tem que ocorrer no esporte, caso o clube ache necessário, é um revezamento de jogadores assim como muitos times europeus fazem e não ficam por aí chorando. É só ver o Manchester de Ferguson.
Chegamos num ponto onde "eles" dirão que nenhum clube tem um elenco que possa manter o nível das atuações alterando o time constantemente. Mas não é exatamente isto que acontece? A diferença que você pode fazer isto antes que alguém se machuque ou da forma como está hoje.
O que falta é uma simples organização e não redução de calendário. Já destruíram o Maracanã, que nunca mais será o mesmo. Se acabarem com os estaduais destruirão o pouco da essência do futebol brasileiro que ainda resta. Se já é um absurdo receberem milhares de reais para jogarem oito jogos por mês, quem dirá se disputarem apenas quatro...
Enquanto isso, no mundo real, trocamos o almoço pela janta. E sem reclamar.