quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Edmundo: "O último romântico"

Por André Schmidt
A despedida do “Animal” já tem data marcada, dia sete de dezembro. Pelo menos é o que está planejado, até agora, pelo ídolo vascaíno. Desde o seu retorno ao Vasco, no início deste ano, que Edmundo diz que irá se aposentar ao final da temporada, aposentadoria esta que quase foi antecipada após a derrota, nos penaltis, para o Sport, pela Copa do Brasil. Na ocasião, o jogador passou de herói a vilão em questão de minutos. Foi o autor do gol, aos 45 minutos do segundo tempo, que levou à disputa da vaga para a marca da cal, porém, logo na primeira cobrança, o atacante isolou a bola, desclassificando a equipe do torneio. Aliás, a vida e a carreira do atleta passaram por inúmeras situações parecidas. Do céu ao inferno, num curto espaço de tempo.
Começou a carreira nas divisões de base do Botafogo-RJ e, de lá, já começou a fazer jus ao apelido que viria ganhar tempos mais tarde. Dizem as más línguas, que Edmundo teria sido expulso do clube por ter mexido com a esposa de um dirigente. Verdade ou mentira, fato é que, quem levou a melhor nesta história foi Vasco. Foi pra lá que o atacante se transferiu após a confusão. Ainda nos juniores ganhou o apelido de “Animal”, após marcar um golaço na preliminar de uma partida, no Maracanã.
Com 21 anos fez sua estréia no time principal vascaíno. Jogando ao lado de Roberto Dinamite, Bismarck, William, Bebeto e Valdir, rapidamente se destacou e ganhou o espaço entre os titulares. Tamanho foi o sucesso do craque que, ao final da temporada 92, a Parmalat, empresa que finaciava o Palmeiras, cuidou rapidamente de contratar a jovem revelação cruzmaltina. Logo em suas duas primeiras temporadas com a camisa palmeirense, conquistou os bicampeonatos paulista e brasileiro, virando ídolo no Palestra Itália.
Em 95, um momento para ser esquecido pelos torcedores do Vasco. Edmundo acerta a sua tranferência para o maior rival, o Flamengo, e, em um clássico entre os dois times, o jogador sai de campo fazendo gestos obscenos para a arquibancada onde se encontravam os vascaínos. Na época, o ataque dos rubro-negros era chamado de “melhor ataque do mundo”, com Romário e Sávio completando o trio. Se no papel era uma verdadeira máquina de gols, a realidade foi exatamente oposta, fazendo com que se transferisse para o Corinthians ao final do ano. Completando a sua época negra, onde conseguiu trair as duas torcidas, que o idolatram até hoje, em menos de um ano.
No Parque São Jorge, a fase ruim prosseguiu, e sua passagem, além de curta, não deixou saudades. Como o bom filho a casa torna, voltou ao Vasco em 96, numa fase bem diferente da que encarou no início de carreira. Edmundo foi contratado no meio do Brasileiro para salvar a equipe do rebaixamento. Em seu retorno encarou uma realidade bem diferente, os craques que por lá desfilavam já havia deixado o clube ou encerrado a carreira, e os jogadores que por lá estavam nem de perto representavam as glórias do clube.
Seu papel foi cumprido e o time não desceu para a segundona. No ano seguinte, com a utilização de jovens revelações, como Felipe e Pedrinho, e a contratação de experientes, como Mauro Galvão, Válber e Evair, uma base foi formada. Base esta que conquistou muitos títulos, entre eles a Libertadores, em 98. Na campanha do Brasileiro de 97, Edmundo foi o comandante e o artilheiro da equipe, quebrando todos os recordes possíveis do campeonato: maior artilheiro em uma edição, com 29 gols - batido apenas após início da disputa em dois turnos - e maior artilheiro da história em uma única partida do Brasileirão, marcando seis gols contra o União São João de Araras - ainda perdeu um penalti. O título nacional veio para coroar a confirmação do jogador como ídolo e craque, vivendo a sua melhor fase da carreira. Infelizmente, antes mesmo de o Brasileiro chegar ao final, seu passe já havia sido negociado com a Fiorentina, da Itália, deixando saudades na torcida cruzmaltina.
Depois de uma temporada apagada pelo clube Viola, voltou a São Januário para a sua terceira passagem pela Colina Sagrada. Logo em sua segunda partida marca dois gols contra o Flamengo,e dá o título da Copa Rio ao Vasco. Aliás, a especialidade de “Edshow” é marcar gols no arqui-rival, foram 13, só com a camisa vascaína.
Ao contrário passagem anterior, o craque não teve o mesmo sucesso nas temporadas 99/2000. Não conquistou nenhum título, pelo contrário, perdeu o penalti que impediu a inédita conquista do Mundial Interclubes. Acabou deixando a equipe após diversas brigas com seu “ex-amigo”, o atacante Romário, e arrumando as malas para o Santos.
Apesar de já ter enfrentado o Vasco, atuando por Palmeiras e Flamengo, nunca havia marcado um gol contra o seu clube de coração. Em seu ano defendendo a equipe santista, uma partida ficou marcada na lembrança dos vascaínos: Vasco 1x1 Santos. O ídolo cruzmaltino bateu dois penaltis. E perdeu os dois! Após a partida confessou não ter vontade de marcar contra o clube que o projetou. No ano seguinte, defendendo o Cruzeiro, novamente o craque desperdiça um penalti, mas desta vez, o fato acabarrou acarretando no afastamento do jogador.
Após dois anos no Japão, seu quarto retorno. Em entrevista concedida à pouco tempo, Edmundo disse que só retornou do Japão pois, ao ligar a tv para assistir um jogo do Vasco, se deparou com a torcida gritando seu nome. E mesmo recebendo um salário muito mais alto na equipe japonesa, aceitou o desafio por amor a torcida. Porém, não demorou muito para que houvessem problemas com o presidente Eurico Miranda, fazendo com que se transferisse para o Fluminense.
Agora, já aos 37 anos, a aposentadoria se aproxima. Segundo o próprio jogador, termina ao final deste Brasileiro. Apenas um jogo para que, o último dos românticos do futebol brasileiro encerre o seu ciclo de vitórias e glórias. As brigas e confusões, ao invés de manchar, fazem da história deste ídolo ainda mais interessante. Sem dúvida, uma perda irreparável para o esporte bretão, que perde, se não o último, um dos poucos atletas em atividade que tem o direito, e não o dever, de beijar o escudo de um clube.
Só resta agora saber se a despedida será em um tom de alegria ou de melancolia... O Vasco tem grandes chances de ser rebaixado, e Edmundo, de encerrar sua vida profissional com o que seria a sua maior derrota, deixar o clube em uma vexaminosa segunda divisão...
Ficha do Craque
Nome: Edmundo Alves de Souza Neto
Data de Nascimento: 02/04/1971
Local: Rio de Janeiro-RJ
Posição: Atacante
Clubes que jogou:
Vasco - 1992
Palmeiras - 1993/1994/1995
Flamengo - 1995
Corinthians -1996
Vasco - 1996/1997
Fiorentina-ITA- 1998/1999
Vasco - 1999/2000
Santos - 2000
Napoli-ITA - 2001
Cruzeiro - 2001
Verdy Tóquio-JAP - 2002
Urawa-JAP - 2003
Vasco - 2003
Fluminense - 2004
Nova Iguaçu - 2005
Figueirense - 2005
Palmeiras - 2006/2007
Vasco - 2008
Pelo Vasco:
1992 - 64 jogos e 19 gols
1996 - 21 jogos e 11 gols
1997 - 51 jogos e 42 gols
1999 - 29 jogos e 18 gols
2000 - 18 jogos e 14 gols
2003 - 21 jogos e 7 gols
2008 - 43 jogos e 24 gols
Total - 247 jogos e 135 gols

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