Achados e perdidos

Minha coluna do jornal É Festa do mês de agosto,3a edição.

Achados e perdidos

Está aberta a janela européia de transferências!Os clubes brasileiros buscam reforços de jogadores que não deram certo no futebol internacional,já os times estrangeiros procuram novos craques no mercado brasileiro.Duas realidades distintas.Enquanto o futebol brasileiro vende suas revelações e jogadores de maior destaque para cobrir as suas despesas,os clubes europeus aproveitam o baixo valor pedido pelos clubes brasileiros,em relação ao padrão europeu,para liberar suas jovens revelações e reforçam suas equipes. Além do assédio europeu,os times do Brasil sofrem agora também com um novo mercado que vem crescendo a cada ano,o mercado Oriental .A cada ano aumenta o número de jogadores brasileiros seduzidos pelos petro-dolares dos xeques do Oriente Médio,donos das equipes.
A saída precoce dos novos talentos brasileiros para a Europa somada a debandada de jogadores não tão jovens,e que não possuem brecha no mercado europeu,para clubes do Oriente Médio e do Leste Europeu faz com que o nosso campeonato nacional seja disputado em um nível menos elevado.Jogadores como Roger,ex-Grêmio,Marcinho,ex-Flamengo, e Gabriel,ex-Fluminense,já trocaram seus clubes no Brasil em busca da estabilidade financeira em clubes sem expressão do Oriente e da Europa.Em contra-partida os clubes brasileiros procuram repatriar jogadores brasileiros que tiveram fracassaram em suas equipes fora do Brasil.É o caso do Santos de Fabiano Eller,do Palmeiras de Denílson e Kleber e do Botafogo de Carlos Alberto.
Enquanto rostos conhecidos voltam aos gramados do Brasil,jovens promessas partem para clubes de expressão da Europa atrás de fama e fortuna.Assim como Alexandre Pato que se transferiu para o Milan,da Itália,antes mesmo de completar a maioridade - a Lei Pelé não permite que jogadores com menos de 18 anos atuem profissionalmente fora do Brasil - Phillipe Coutinho,de apenas 16 anos,já acertou seu contrato com à Internazionale de Milão,também da Itália.O jovem atacante vascaíno,que sequer disputou uma partida pelos profissionais,foi vendido por três milhões e 800 mil euros mas ficará no clube carioca até completar a idade permitida para atuar no clube milanês.Outra revelação carioca que aproveitou a janela européia para dizer a Deus foi o apoiador Renato Augusto,ex-Flamengo,que acertou sua transferência junto ao Bayern Leverkusen,da Alemanha.
Muita gente pode achar um absurdo a venda desses jogadores antes mesmo de alcançarem a maturidade no futebol mas nem sempre essas promessas realmente rendem o que se esperam deles.Foi o caso do volante Alberone.Vendido à mesma Inter de Milão com apenas 17 anos,em 2002,o ex atleta vascaíno passou uma temporada jogando pelo time Primavera - como são conhecidos os times de juniores na Itália - e após não agradar os dirigentes voltou ao Brasil antes mesmo de ter uma oportunidade nos profissionais.Acabou retornando ao Brasil passando por Vasco,Botafogo,Bahia e Avaí sem grande sucesso.
A venda desses jogadores passou a representar a maior fonte de renda dos clubes brasileiros,enquanto que para os times estrangeiros essas negociações oferecem um baixo risco,já que o valor pago por eles é irrisório perto da realidade do mercado Europeu.Se os dirigentes que cuidam atualmente do futebol brasileiro se profissionalizassem e se comprometessem a fazer um trabalho realmente sério frente ao seu clube com certeza essa debandada de bons jogadores não aconteceria,ou pelo menos não ocorreria sem que o clube revelador fosse ressarcido com um valor de acordo com os valores pagos no mercado mundial.É inaceitavél que o jogador brasileiro,famoso pela sua habilidade e técnica,saia tão facilmente de seu clube de origem e com um valor tão baixo.É só comparar os valores pagos aos clubes brasileiros e depois o lucro do clube ao vender o mesmo jogador para outro time de ponta da Europa.O Barcelona pagou cerca de 35 milhões de euros por Daniel Alves,alguém se atreve a dizer que o mesmo valor foi pago pelo Sevilla ao Bahia para tira-lo da equipe brasileira?E depois ninguém sabe porque o futebol brasileiro não vai bem das pernas...

Foto - Show do Brasileirão 2007 - PANINI